Desde a implementação do Programa de Compliance Público pelo governo do Estado de Goiás, a questão da ética vem sendo amplamente discutida nos diversos canais de comunicação dos órgãos estaduais. Mas por que é tão importante discutir e rediscutir esse assunto?
A resposta para essa pergunta causa desconforto e justifica a própria existência de um programa como o Compliance do governo de Goiás: grande parte das pessoas acreditam que a sociedade brasileira é pouco ética. E pior, muitos demonstram alguma flexibilidade em sua própria aderência aos princípios éticos e normas de conduta.
Resultados de pesquisas realizadas por diferentes organizações, em locais e tempos diversos, demonstram que, diante de alguma oportunidade com baixo risco de flagrante, muitos funcionários admitem que seriam lenientes com uma situação eticamente inadequada.
O que dizem as pesquisas
Uma pesquisa sobre ética realizada entre 2010 e 2012 pela ICTS - empresa de consultoria, auditoria e serviços em gestão de riscos - com 3.211 profissionais revelou que mais da metade dos colaboradores das companhias brasileiras tendem a conviver sem restrições com a falta de ética. Segundo a pesquisa, 69% dos funcionários demonstram alguma flexibilidade quanto aos princípios éticos e normas de conduta da organização.
Outro estudo realizado em 2016 pelo Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (CPDEC), em parceria com o Núcleo de Economia Industrial e Tecnologia da Unicamp (NEIT), ouviu mais de 800 funcionários de empresas públicas e privadas. Segundo o estudo, 90% dos profissionais se calariam se observassem uma conduta inapropriada. As razões para preferir o silêncio diante dos malfeitos vão do medo de retaliação por parte de gestores e colegas à convicção de que nenhuma medida corretiva seria aplicada.
Já uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), em parceria com o Datafolha demonstra que para 90% dos 1.048 entrevistados, a sociedade brasileira é pouco ou nada ética. Entre os aspectos da pesquisa destacam-se três percepções negativas: 56% acham que, não importa o esforço, a sociedade sempre será antiética; é impossível ser ético o tempo todo (55%); e, para ganhar dinheiro, nem sempre é possível ser ético.
A conduta ética é baseada em um acordo social estabelecido, e as ações pontuais podem influenciar no contexto macro. E vice-versa. Atitudes individuais podem iniciar um movimento que pode se transformar em um círculo virtuoso ou vicioso. A percepção das pessoas sobre seu ambiente de trabalho pode ter profunda influência sobre sua conduta – de maneira positiva ou negativa. Mas os prejuízos gerados por comportamentos antiéticos serão sempre maiores do que eventuais vantagens obtidas. Daí a necessidade de se valorizar e continuar debatendo esse tema tão importante para a promoção de um ambiente de trabalho saudável.
Fontes:
http://cpdec.com.br/maioria-dos-funcionarios-nao-reporta-atitudes-antieticas-pesquisa-cpdec/
http://www.eticaparajovens.com.br/
(Daniel Prates|CeCom|UEG)